Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, conheça algumas histórias inspiradoras de mulheres que fazem parte da Rede Filhas de Jesus
No Dia Internacional da Mulher, mais do que celebrar as conquistas, é o momento de relembrar um pouco as raízes de como tudo começou. Tempo de recordar um pouco da história do início da celebração do dia 8 de março, relembrar a origem da Congregação das Filhas de Jesus, fundada por mulheres. E conhecer novas histórias de mulheres reais, que através de lutas diárias, fizeram e ainda fazem a diferença.
Um pouco mais sobre a origem da celebração do dia 8 de março
(Estados Unidos) Oito de março de 1908. Primeiro ano em que o Dia Internacional da Mulher foi celebrado, após ser realizado um manifesto de 1500 mulheres em prol da igualdade econômica e política no país. Mas foi apenas no ano de 1921, que a data foi oficializada. Isso ocorreu, após um protesto de 90 mil operárias contra o Czar Nicolau II, em 1917, devido às más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra. O protesto ficou conhecido como “Pão e Paz. ” Apesar de a data já ser reconhecida, somente após mais de 20 anos, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU), assinou o primeiro acordo internacional que firmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Uma data para ficar marcada na história e na memória.
O início da fundação da Congregação das Filhas de Jesus: a inspiração de Santa Cândida
(Valladolid – Espanha) Dois de abril de 1869. Data em que a nossa fundadora, Santa Cândida Maria de Jesus, teve a inspiração de fundar uma congregação com o nome Filhas de Jesus. No dia 8 de dezembro de 1871, Santa Cândida, com outras cinco jovens, fundou a Congregação Filhas de Jesus em Salamanca/Espanha. Inicialmente a proposta foi dedicada à educação cristã para as meninas.
Em 1911, Santa Cândida concretizou seu ideal missionário e realizou a sua primeira expedição rumo ao Brasil. De lá para cá, a Congregação expandiu e hoje está presente em 19 países, educando e evangelizando crianças, jovens e adultos. A partir de um momento de profunda inspiração, Santa Cândida, com sua força e coragem, realizou um sonho que até então parecia ousado demais.
O seu amor, o seu destemor e a sua solidariedade continuam fazendo a diferença na vida de milhares de crianças, jovens e adultos, a partir da educação integral. Atualmente, a Congregação Filhas de Jesus é formada por mais de 700 religiosas no mundo que contribuem para a construção de uma sociedade mais justa, humana, solidária e inclusiva.
Uma mulher “especial”
(Montes Claros) Nesse dia das mulheres, relembramos a história de Alcione das Graças, educadora da Obra Social Nossa Senhora de Fátima/Montes Claros – Rede Filhas de Jesus há 15 anos. Professora da Ed. Infantil II e uma mãe “especial” há 6 anos. Maria Paula, sua filha, nasceu com microcefalia e com a síndrome do anel, doença rara que afeta o sistema nervoso central. Desde então, Alcione já enfrentou muitas batalhas e lutas diárias para proporcionar todo o cuidado que sua filha necessita.
Alcione conta que no início não foi fácil, mas que com a união da família, os desafios foram e continuam sendo superados a cada dia com muito amor envolvido. Através dessa transformação em sua vida pessoal, o seu olhar como educadora também mudou “neste aspecto aprendi a ser mais e a querer mais, porque através deste olhar diferenciado percebo melhor as necessidades dos meus alunos. Também a não desistir. Lutar, pesquisar, tentar acreditar, empenhar e ouvir com paciência. ”
Essa mãe “especial”, viu o seu desafio inicial de lidar com essas mudanças que a vida proporcionou, transformar em uma oportunidade de fazer a diferença para outras mães que também poderiam estar passando pela mesma situação. Muitas vezes, perdidas sem saberem como agir, aonde procurarem ajuda e apoio em uma luta, que as vezes pode parecer solitária demais.
Atualmente, ela participa de três grupos de mães que se reúnem normalmente uma vez ao mês para trocarem informações, para se apoiarem e se ajudarem. São eles: AMAMI (Associação de Mães de Crianças com Microcefalia), PAFRE (Pais de Filhos Raros Especiais) e GIPE (Grupo Interativo de Pais Eficientes). Aquela expressão “a união faz a força” é a mais pura realidade. Cada uma contribuindo da maneira que pode, seja com recursos financeiros, com experiências, com orientações sobre os direitos ou a dedicação de um tempo para uma escuta atenta e solidária. Tudo sempre com muito afeto.
A educação rompendo barreiras
(Belo Horizonte) Há 71 anos, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio Imaculada Conceição/Belo Horizonte, realiza o lindo trabalho de alfabetizar jovens e adultos que não tiveram condições de estudar, não apenas como uma maneira de ensino-aprendizagem, mas principalmente como uma forma de integração, socialização e humanização.
Nesse dia das mulheres, em meio a tantas histórias de superações que conhecemos da EJA, Rosângela Francisca de Jesus Silva, Aloízia Francisca da Silva e Ana Paula de Oliveira se destacaram por uma vontade em comum: a “vontade de aprender. ” Afinal, nunca é tarde para retomar sonhos antigos, viver novas experiências e abrir novos horizontes.
Rosângela, tem 56 anos, trabalha como faxineira e é estudante da EJA. Desde muito nova, teve que assumir uma postura como “mãe” de seus irmãos, já que sua mãe estava muito doente. Começou a trabalhar muito cedo e, infelizmente, não teve a oportunidade de estudar.
Após criar seus filhos e quatro sobrinhas, o desejo de estudar falou mais alto. Foi aí que começou a sua trajetória na EJA do Colégio Imaculada Conceição/BH. A vontade de aprender a ler e a escrever uma simples lista de compras eram alguns de seus sonhos.
“Hoje, aprendi a ler! Estou muito feliz. Os meus olhos estão sendo abertos da cegueira. Eu posso mandar uma mensagem sem tanto medo. Eu ainda tenho, mas só um pouquinho. Está sendo legal. Eu só saio daqui com o diploma na mão. Por mais difícil que seja, eu vou passar de ano, eu vou vencer, eu vou conseguir até arriscar uma faculdade”, declarou Rosângela.
Aloízia, também estudante da EJA, tem 56 anos e há quase trinta anos trabalha como doméstica. Sua infância também foi muito difícil, pois perdeu seu pai muito cedo e sua mãe teve que trabalhar muito para criar ela e seus sete irmãos. Aos 12 anos, Aloízia precisou interromper os estudos para começar a trabalhar e ajudar em casa. Após a morte de sua mãe, tudo ficou ainda mais difícil. Foi em 2014, que Aloízia resolveu voltar aos estudos e se encantou pelo Colégio Imaculada Conceição/BH.
Hoje, descobriu que um dos seus grandes prazeres é a escrita. “Me descobri poetisa, participei de um concurso pela escola e conquistei um prêmio por isso. Mas, com certeza, o prêmio maior é ter sentido que sou capaz de transformar minha realidade”, contou Aloízia.
Em 2018, Aloízia conquistou a menção honrosa no concurso de redação promovido pelo SESI, SENAI e FIEMG, com o apoio da SILEMG, Sindicado da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais. Ao todo, foram mais de 10 mil alunos participantes, de 170 escolas da rede particular. Motivo de muita alegria e orgulho para toda a comunidade educativa do Colégio Imaculada Conceição/BH.
Ana Paula, estudante da EJA, tem 46 anos e é uma mulher muito bem-humorada, iniciou a conversa brincando “eu me chamo vontade de aprender”. Brincadeiras à parte, Ana Paula lembrou que teve uma infância feliz com sua mãe e seus irmãos, mas com muitas dificuldades financeiras. Após a morte da sua mãe, ela e seus irmãos precisaram ser separados e não se reencontraram mais.
Ela morou um tempo na antiga FEBEM (atualmente chamada de Fundação Casa) e depois em um educandário. Após sair desses lugares, ela conseguiu um emprego. Após um tempo, acabou sendo dispensada do trabalho e se viu em uma situação vulnerável de rua. Nesse momento precisou recorrer a um abrigo. Foi no abrigo que indicaram a EJA do Colégio Imaculada Conceição/Belo Horizonte para retomar os estudos.
No início ela lembrou que tinha muito medo de iniciar esse desafio, pois achava que não conseguiria aprender, mas hoje só tem motivos para comemorar essa decisão. “Enfrentei o desafio e hoje, aprender está me fazendo sonhar audaciosamente. Tenho a certeza de que não sou burra, de que posso e vou realizar meus sonhos. Sou vista e tratada como gente na escola”, falou Ana Paula.
Sonhos não envelhecem
Três mulheres de realidades distintas, com histórias difíceis, mas que nunca deixaram os sonhos envelhecerem. Em meio a tantas tristezas, os olhos não pararam de brilhar, a alegria de viver nunca foi deixada de lado. A esperança em construir uma vida melhor, com dignidade permaneceu e falou mais alto em meio as adversidades. O que era distante demais, de repente, virou realidade.
Histórias de mulheres reais que se cruzam por meio da força, do amor, da superação e de suas lutas diárias. Mulheres inspiradoras que enchem de orgulho e fazem a diferença para a construção de uma sociedade melhor.
Desejamos a todas vocês, mulheres inspiradoras, um dia muito especial!
Por Simone Rezende
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