
ENGASGO
Como prevenir e como agir?
Sabemos que o engasgo é uma emergência muito frequente na faixa etária pediátrica. Dentre as crianças, acontece mais comumente nas menores de 3 anos de idade, mas pode acontecer em todas as idades, inclusive nos adultos.
O engasgo ocorre quando um alimento ou objeto se aloja na entrada da traqueia, por onde deveria passar o ar que respiramos, e sufoca a pessoa.
Os alimentos são os maiores responsáveis pelos engasgos e aqui precisamos lembrar dos alimentos duros como pipoca, nozes, amendoim, maçã, cenoura, milho, feijão e também dos que se encaixam facilmente na garganta como uvas e tomate cereja. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, alimentos duros como pipoca de milho, amendoim, doces e balas duras não deveriam ser oferecidos para menores de 4 anos. Os outros alimentos de alto risco de engasgo devem ser bem preparados e picados, a fim de se evitar a aspiração e nunca devem ser oferecidos inteiros para crianças pequenas.
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Quando falamos de crianças, precisamos lembrar que objetos e brinquedos podem ser facilmente colocados na boca e levar a um engasgo como moedas, tampas de canetas, tachinhas, clipes, unhas e bolas de soprar, sendo essa última comumente fatal. Os brinquedos colocados à disposição das crianças precisam ser grandes o suficiente (pelo menos 3 cm de diâmetro e 6 cm de comprimento), além de seguir a recomendação da idade e certificação pelo INMETRO.
Precisamos lembrar que crianças não devem em hipótese nenhuma, nem se alimentar nem brincar sem a supervisão de adultos.
A principal causa de parada cardíaca nas crianças é a baixa oxigenação que chamamos de hipóxia. Pensando que no engasgo há obstrução parcial ou total da passagem de ar, sabemos que precisamos agir de forma rápida e eficaz para socorrer a pessoa engasgada. Dizemos em medicina que numa parada cardiorrespiratória, tempo é cérebro. Quanto mais tempo o paciente fica sem receber o devido socorro, menor a chance de sobreviver e maior a chance de, caso sobreviva, ter sequelas.
Devido à alta prevalência e potencial de gravidade, em 2018 foi sancionada a Lei Lucas – Lei n° 13722/2018. Lucas foi um menino de 10 anos, que morreu após engasgar numa excursão da escola em que ninguém foi capaz de socorrê-lo. A lei, então, obriga que espaços de recreação infantil e escolas se preparem para atendimentos de primeiros socorros, ofereçam cursos e atualizações anuais.
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Como prevenir?
- Ensinar a criança a não colocar objetos pequenos na boca;
- Observar condições e tamanhos dos brinquedos;
- Comprar brinquedos adequados à idade da criança e certificados pelo INMETRO;
- Oferecer alimentos bem cortados e em pequenas quantidades;
- Ensinar as crianças a mastigar bem e comer devagar;
- Não dar alimentos duros e crocantes (pipocas, doces duros, balas, amendoins, etc) para menores de 4 anos;
- Ter cuidado com alimentos que podem encaixar na via aérea (uvas, tomate cereja);
- Certificar-se de que a criança esteja acordada e bem alerta antes de oferecer comida;
- Nunca dar ou deixar que acriança se alimente deitada;
- Não oferecer nada para criança comer ou beber enquanto estiver andando, brincando, falando, chorando.
Como identificar?
Criança começou a tossir muito de repente;
Dificuldade em respirar e respiração muito ruidosa;
Tenta chorar e / ou falar e não consegue emitir som;
Lábios roxos;
Desmaia.
O que não fazer:
Não sacudir a criança: os vasos sanguíneos da cabeça da criança são frágeis e ao sacudir podem romper e provocar hemorragia craniana levando até à morte;
Não tentar retirar o objeto / alimento com o dedo.
Como agir?
Manter a calma;
Ligar para serviço de emergência que vai poder ajudar e orientar pelo telefone e, caso necessário, chegará a tempo para prestar socorro;
Iniciar manobras imediatamente de acordo com a idade.
Uma equipe treinada e qualificada, ciente das manobras necessárias, é capaz de salvar em poucos segundos a vida de uma criança ou adulto engasgado.
Ana Carolina Bedim Cardozo Cabral, Pediatra e Neonatologista.
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